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Mão de obra é gargalo para empresa familiar

Pesquisa da Price aponta que 63% das empresas familiares brasileiras têm preocupação com a contratação e retenção de mão de obra qualificada

Autor: Márcia De ChiaraFonte: Estadão

A dificuldade de recrutar mão de obra qualificada é hoje a principal preocupação das empresas familiares em nível mundial, especialmente em países emergentes como o Brasil, que foram menos afetados pela crise internacional.

Pesquisa global da PricewaterhouseCoopers (PwC) com 1.606 empresas familiares em 35 países revela que o recrutamento de trabalhadores qualificados foi apontado por 38% das companhias como a principal demanda interna nos próximos 12 meses.

Os resultados são mais relevantes entre as empresas familiares de países emergentes, em que 54% das companhias apontaram esse como o principal problema no curto prazo. No Brasil, o índice é ainda mais significativo: chega a 63%. Já nos mercados desenvolvidos, a fatia de empresas familiares preocupadas com escassez de mão de obra é menor que o índice global: está em 34%.

Para chegar a esses resultados, a PwC consultou, entre maio e agosto deste ano, os principais executivos dessas companhias, que atuam na Europa, Oriente Médio, Américas e Ásia-Pacífico. A amostra considerou empresas com, no mínimo, cinco funcionários e faturamento superior a 5 mil. Três critérios foram usados para considerar uma empresa como familiar: a maioria dos votos é detida pela pessoa que constituiu ou adquiriu a companhia; pelo menos um representante da família está envolvido na gestão da empresa de capital aberto; a pessoa que constituiu ou adquiriu a empresa detém 25% das ações representativas com direito a voto.

Carlos Mendonça, sócio da PwC Brasil e um dos responsáveis pelo estudo global, explica por que a dificuldade de recrutar mão de obra qualificada pelas companhias familiares brasileiras é muito maior em relação a outros países. "As economias desenvolvidas sofreram mais com a crise do que o Brasil. Por isso, hoje há maior disponibilidade de mão de obra lá do que aqui."

Além disso, pelo fato de as companhias familiares aqui serem, em geral, menos estruturadas em planos de carreira para os funcionários em relação às economias desenvolvidas, a dificuldade de recrutar e reter mão de obra qualificada é maior no País comparativamente aos demais.

Mendonça destaca que o segundo maior desafio apontado pelas empresas familiares brasileiras é a reorganização da companhia, com 45% das empresas que responderam essa pesquisa apontando essa como uma dificuldade a ser superada.

Na avaliação do consultor, a reorganização e profissionalização das companhias familiares facilitam o recrutamento e a retenção de talentos. "A profissionalização de empresas familiares acaba sendo a luz no fundo do túnel", diz Mendonça, fazendo referência a planos de carreira e benefícios oferecidos pelas companhias. O executivo observa que, tanto no Brasil como no mundo, quase 50% das empresas familiares não têm um plano de sucessão para as funções mais importantes de nível executivo.

Investimentos

De acordo com a enquete, 94% das companhias familiares brasileiras pretendem investir em recursos humanos e treinamento para melhorar a produtividade e a competitividade nos próximos 12 meses. Esse é o foco das empresas familiares nacionais.

Já os resultados globais mostram um índice menor, com 67% das companhias familiares no mundo interessadas em fazer aportes nessas áreas. Mesmo assim, investimentos em recursos humanos e treinamento são prioridade entre todas as empresas.

Nas companhias familiares brasileiras, a principal medida para reter talentos é o desafio no trabalho (85%), seguido pela remuneração(82%) e o desenvolvimento de carreira (74%). Já nos resultados globais, a remuneração está na liderança (75%). Mendonça diz que países com força de trabalho jovem dão prioridade a desafios e desenvolvimento de carreira em detrimento da remuneração, que prevalece nas economias maduras.

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