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O feedback como sinal de respeito

Profissionais que participam de processos de seleção e ficam sem retorno, seja das consultorias de Recursos Humanos, seja das empresas

O conceito de fazer mais com menos, sem revisar processos e que muitas empresas chamam de “produtividade” tem deixado para trás alguns requisitos básicos da excelência. Um deles é dar e receber feedback.

Por conta da minha atividade, adquiri o hábito de navegar pelo Linkedin diariamente. A rede permite que eu acompanhe a evolução profissional dos meus contatos e também que eu tenha acesso a artigos interessantes, mesmo que eu esbarre em muito conteúdo que não agrega conhecimento.

Tenho percebido na rede com frequência manifestações de desabafo de profissionais que participam de processos de seleção e ficam sem retorno, seja das consultorias de Recursos Humanos, seja das empresas.

Os motivos para decidir trocar de emprego variam de pessoa para pessoa e envolvem muitos sentimentos diferentes. Geralmente, elas demonstram um comportamento em comum: a ansiedade por conquistar uma nova posição. Daí a ausência de feedback tornar-se um fator a mais de inquietação.

Isso acontece, infelizmente, em consultorias e empresas que enxergam o processo de recrutamento como uma linha de produção, em que o importante é cumprir o dead-line. A seleção começa e vários candidatos são contatados para uma vaga. Na maioria das vezes, apenas um recebe feedback: o contratado. Os demais não vão saber nunca porque não foram escolhidos.

Já em muitos ambientes corporativos impera a cultura de que dar feedback é uma ofensa. O receptor vai questionar, vai justificar, vai se ofender, e o emissor despreparado não quer complicação. Afinal, porque sair da zona de conforto, não é mesmo?

A questão cultural é muito forte e a “produtividade” a que me referi no início vai atropelando os valores mais significativos, entre eles o respeito ao candidato. Irritar-se com a falta de feedback dos recrutadores, porém, não pode ser desculpa para generalizar. Sempre haverá bons e maus selecionadores. Por isso, atente sempre para as consultorias de RH que demonstram o mesmo cuidado tanto com o contratado quanto com o candidato que não foi aprovado.

Trocando de lado no balcão, percebo que muitos profissionais em busca de uma nova oportunidade ou recolocação procuram, como “cordeirinhos”, as mesmas consultorias e empresas conhecidas por não darem feedback. Depois de ocupar suas cadeiras, viram leões. Não atendem mais os telefonemas dos consultores que os auxiliaram, estão sempre sem agenda mesmo para um café. Esquivam-se sempre com um vago “Nos falamos, abraço!”.

Esta instituída então a guerra em que todos reclamam: de um lado os que não dão retorno, de outro os que não recebem feedback. Ao longo da minha carreira, posso ter deixado de dar feedback ou de atender algum consultor que me ajudou. Peço desculpas a todos.

Uma coisa, porém, eu garanto: corri atrás de todos os feedbacks que não recebi. Mesmo assim, houve os que não consegui obter. Analisando bem de quem eles viriam, pode ser que nem fossem tão importantes. Justamente por não ter me proporcionado esta chance de melhorar, o gestor que eu julgava ser “o cara” é que precisava aprimorar-se.

Por isso, quando você finalmente ocupar aquela posição que tanto almejou, pratique o feedback com todos ao seu redor. Saiba que o mundo corporativo seria bem melhor se as pessoas passassem a analisar pontos positivos e negativos visando a melhoria. Outra coisa: não se justifique quando chegar o momento de receber um retorno. Só damos feedback quando queremos o bem do próximo. Este é o verdadeiro sentido do respeito. Caso contrário, a probabilidade de se dar mal é sempre maior.

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