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BC sinaliza que pode subir menos os juros
Ainda não há consenso, contudo, se o ritmo de elevação da Selic vai cair de 0,50 para 0,25 ponto já na próxima reunião do Copom
Ao mesmo tempo em que repetiu ser "apropriada" a manutenção do ritmo de ajuste monetário "ora em curso" e que deve-se manter "especialmente vigilante", o Banco Central ponderou que a transmissão dos efeitos da política monetária "ocorre com defasagens", indicação de que pode reduzir seu ritmo de aperto da Selic agora.
Por meio da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta quinta-feira, o BC também deu sinais de que a atividade econômica não está se recuperando tanto, ao mesmo tempo em que melhorou seu cenário para a inflação.
Isso significaria que o ciclo de aperto monetário iniciado em abril, e que já levou a Selic para 10% ao ano, pode ser encerrado em janeiro com mais uma elevação de 0,25 ponto porcentual, com o BC preocupado com a atividade econômica. Mas, como a ata ainda faz referências importantes sobre o atual ritmo de aperto, não descarta-se mais uma alta de 0,50 ponto.
"Em momentos como o atual, a política monetária deve se manter especialmente vigilante, de modo a minimizar riscos de que níveis elevados de inflação, como o observado nos últimos doze meses, persistam no horizonte relevante para a política monetária. Ao mesmo tempo, o Comitê pondera que a transmissão dos efeitos das ações de política monetária para a inflação ocorre com defasagens", diz o documento.
A ata refere-se à reunião da semana passada do Copom, quando elevou a Selic em 0,50 ponto porcentual, mantendo o ritmo de aperto monetário mas, ao alterar o seu comunicado, deixou em aberto seus próximos passos.
"As expectativas de inflação são mais favoráveis do que em outras atas... E as expectativas do mercado estabilizaram em torno de 5,8% e, o que me parece, é que está bom (para o BC)", afirmou o economista-chefe do banco Fator, José Francisco Gonçalves, para quem a Selic será elevada em 0,25 ponto no mês que vem e, a partir daí, ficar estável.
Pela ata, o BC também reduziu sua projeção para a inflação em 2013 pelo cenário de referência, mas permanece acima da meta do governo, de 4,5% pelo IPCA, com margem de 2 pontos porcentuais para mais ou menos. Para 2014, a estimativa não mudou, mantendo-se acima da meta. Já para o terceiro trimestre de 2015, a inflação se posiciona acima da meta.
No cenário de referência, o BC usou como parâmetros o dólar a R$ 2,30, sendo que antes via a moeda norte-americana a R$ 2,20.
"Ele (BC) provavelmente sinaliza que vai reduzir o ritmo na próxima reunião. O fato de ter ponderado que a transmissão de política monetária ocorre com defasagens, mas junto com isso mantendo o especialmente vigilante, sinaliza que deve reduzir o ritmo de 0,50 para 0,25 ponto. Mas deixou aberto", afirmou o economista da Franklin Templeton Vagner Alves, para quem a Selic deve ir a 10,75% nesse ciclo, com três altas de 0,25 ponto, dependendo do câmbio.
Ainda dentro do cenário de inflação, o BC também manteve sua projeção de aumento dos preços da gasolina em 5% neste ano. Na semana passada, a Petrobrás anunciou reajuste de 4% nas refinarias, dentro do já esperado pela equipe econômica e, por isso, sem força para alterar a política monetária.
Atividade. O Copom informou ainda que a demanda agregada tende a se mostrar "relativamente robusta", com o consumo das famílias em expansão e um cenário melhor para investimentos, com a concessão de serviços públicos e ampliação das áreas de exploração de petróleo. Neste contexto, no entanto, ressaltou que a demanda agregada pode ser contida pelo frágil cenário internacional.
"Esses elementos... são partes importantes do contexto no qual decisões futuras de política monetária serão tomadas, com vistas a assegurar a convergência tempestiva da inflação para a trajetória de metas", informa a ata.
Na ata anterior, de outubro, o Copom também mencionava que a produção industrial, e não apenas os investimentos, seria beneficiada pelas concessões e afins. Para Gonçalves, do Fator, essa mudança é uma indicação de preocupação do BC com a economia.
Apesar de ter crescido em outubro passado, a produção industrial ainda não dá sinais de recuperação mais robusta, enquanto que o Produto Interno Bruto (PIB) do país decepcionou e recuou 0,5% no trimestre passado, levando parte do mercado a acreditar que o ciclo de aperto monetário possa ser mais brando.