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Dólar cai 7% em setembro e tem maior queda mensal em quase 2 anos
Moeda norte-americana recuou 1,83% nesta segunda e atingiu R$ 2,2163 na venda em meio à preocupações com uma possível paralisação do governo nos EUA
Após quatro meses de alta ante o real, o dólar teve em setembro a maior queda mensal em quase dois anos, diante do alívio no cenário internacional e do programa de intervenção cambial do Banco Central. Apenas nesta sessão, a moeda norte-americana despencou quase 2 por cento devido à entrada de divisas e expectativas de um aperto monetário mais agressivo no Brasil.
Preocupações sobre um possível fechamento do governo norte-americano a partir desta terça-feira também deixaram investidores cautelosos e derrubaram o dólar ante moedas consideradas mais seguras, como o iene japonês e o euro.
O impacto em relação à maioria das moedas emergentes foi mais modesto, devido ao aumento da aversão global por risco, mas alguns analistas disseram que uma queda abrupta nos gastos do governo norte-americano poderia forçar o Federal Reserve a adiar ainda mais a retirada de estímulos monetários, beneficiando moedas emergentes também.
O dólar perdeu 1,83 por cento, para 2,2163 reais na venda, neste pregão. Em setembro, a divisa norte-americana teve queda de 7,08 por cento, maior recuo mensal desde outubro de 2011, quando acumulou perdas de 9,51 por cento.
"O Federal Reserve realmente abriu uma janela para o dólar (se enfraquecer) ao manter o estímulo. Agora, não dá pra dizer muito bem onde (a moeda dos EUA) vai estabilizar, já que temos visto muita volatilidade", disse o operador de um banco internacional, ressaltando que a pressão de alta vista nos últimos meses "definitivamente" perdeu força.
Analistas ressaltaram que a trajetória do dólar deve depender da postura do Banco Central brasileiro face aos novos patamares da divisa. Na última vez em que o dólar foi negociado em torno de 2,20 reais, a autoridade monetária deu sinais de que poderia reduzir a intensidade do seu programa diário de intervenção no mercado de câmbio.
"O mercado exagerou na queda e parou quando se aproximou de 2,22 (reais)", afirmou um operador de câmbio de banco nacional.
O temor do BC é de que um dólar muito baixo reduza a competitividade da indústria brasileira. Por outro lado, uma alta exagerada da moeda norte-americana pode trazer ainda mais pressões inflacionárias devido ao repasse do câmbio aos preços de produtos importados. Preocupações com a inflação explicitadas pela autoridade monetária nesta segunda-feira aumentaram as apostas do mercado em um ciclo mais agressivo de alta de juros.
Um cenário de Selic mais elevada no ano que vem tornaria o real mais atrativo em relação a outras moedas, atraindo mais dólares ao país.
Segundo o Relatório Trimestral de Inflação do BC, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subirá 5,7 por cento em 2014, ante estimativa anterior de 5,4 por cento. ID:nL1N0HQ0H6]
A formação da Ptax do mês também deixou as negociações um pouco mais tensas. A taxa, uma cotação média da divisa dos Estados Unidos calculada diariamente pelo Banco Central, é utilizada como referência para uma série de contratos no país.
Segundo agentes do mercado, uma grande empresa de capital aberto com amplo passivo em dólares puxou a cotação do dólar para baixo, realizando grandes operações de entradas de divisas, com o objetivo de influenciar a formação da Ptax.
"A queda do dólar foi maior aqui porque houve uma grande entrada de divisas de uma grande empresa aberta", afirmou o tesoureiro de um banco internacional.
PARALISAÇÃO NOS EUA?
Enquanto isso, no cenário externo, o dólar seguia pressionado devido às preocupações políticas nos Estados Unidos, à medida que se aproximava o prazo final para evitar uma paralisação do governo norte-americano.
"O dólar está perdendo valor no mercado global. Isso tem a ver com as preocupações políticas nos Estados Unidos, que pode favorecer outras moedas, devido ao risco ao crescimento econômico no país", explicou o economista-sênior do Espírito Santo Investment Bank, Flávio Serrano.
O Senado dos EUA derrubou nesta segunda-feira projeto que adiaria o programa de saúde pública do presidente Barack Obama, conhecido como Obamacare, em troca de financiamento ao governo federal para além desta segunda-feira. Deputados republicanos anunciaram então que vão apresentar um novo projeto de gastos emergenciais, novamente atacando o Obamacare.
Na semana passada, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Jack Lew, alertou o Congresso que o país irá esgotar a capacidade de empréstimo até no máximo 17 de outubro, data em que o Tesouro terá apenas cerca de 30 bilhões de dólares na mão.
Nesta segunda-feira, o Banco Central brasileiro realizou mais um leilão de venda de swap cambial tradicional equivalente a venda de dólares no mercado futuro, previsto em seu cronograma de intervenções diárias. Foram vendidos os 10 mil contratos ofertados com vencimento em 3 de fevereiro de 2014 e o volume financeiro equivalente da operação foi de 497,7 milhões de dólares.
O BC também anunciou os detalhes da intervenção de terça-feira, quando ofertará entre 9h30 e 9h40 10 mil contratos de swap cambial tradicional com vencimento em 3 de fevereiro de 2014. O resultado será conhecido a partir de 9h50.