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Inovação é sobrevivência

Viva a competitividade!

Autor: Francisco SatkunasFonte: Revista IncorporativaTags: empresariais

 

A evolução das tecnologias está cada vez mais presente em nosso dia a dia. O celular é um bom exemplo de alta tecnologia. Se computarmos apenas as matérias-primas que o compõem, como plástico, metal e silício, veremos que seu custo não ultrapassaria R$ 2. São os maquinários complexos de alta automação e as milhares de horas de pesquisa para o seu desenvolvimento, associados ao conhecimento intelectual, que representam quase a totalidade de seu custo final.

Que dizer então do automóvel? Ora, para o setor automotivo a inovação é desde sempre uma questão de sobrevivência, e se tornou ainda mais urgente e imprescindível no mundo globalizado. Não é por outra razão que, como se costuma dizer hoje em dia, faz parte do DNA dessa indústria. De acordo com a última Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (PINTEC) do IBGE 2006/2008, divulgada no final do ano passado, a automobilística foi a primeira entre as oito atividades industriais que apresentaram as maiores taxas de inovação, com nada menos que 83% no período de referência.

Quem acompanha o desenvolvimento do setor sabe que os fatos não deixam essa pesquisa mentir. Que o diga o advento da injeção eletrônica que, aliado à criatividade de nossa engenharia, deu ao Brasil o pioneirismo na tecnologia de motores bicombustível com a alternativa do uso do etanol e também do biodiesel, amplamente disponíveis nessa nossa terra abençoada. Uma série de outras inovações como os freios ABS, airbags, sensores de chuva, piloto automático, vidros elétricos, ar condicionado digital, sistemas de som interagindo com o celular, GPS, telas de TV e muitos outras que estão ficando gradativamente mais acessíveis aos exigentes consumidores, reforçam os resultados da PINTEC.

Também corroboram a pesquisa as não poucas novidades exibidas na exposição tecnológica realizada durante o Congresso do SAE BRASIL 2010, fruto de pesquisas da engenharia para os carros do futuro, que se pretende sejam mais leves e eficientes do ponto de vista da preservação do meio ambiente. Posso citar algumas. A substituição de materiais como o cobre, usado na fiação elétrica dos automóveis há décadas, por alumínio, reduzindo assim consideravelmente seu peso e consumo; um protótipo 100% elétrico totalmente reciclável, feito com a combinação de polímeros e fibras orgânicas e janelas em policarbonato, mais leve que o vidro e de alta resistência; sistemas como o Eco Driving, que avalia a forma de dirigir e permite até 20% de redução de emissões, rádios de múltiplas funções e novos recursos, com entrada de USB, iPod, DVD, que a um simples toque informa as condições das estradas e do tráfego, entre muitas outras.

O Brasil é privilegiado por ser praticamente autossuficiente em combustíveis fósseis, e pela capacidade de produção de fontes energéticas de origem vegetal que, se diga de passagem, têm provado sua eficiência e viabilidade. Ao contrário dos países de origem de muitos de seus fabricantes instalados por aqui, que investem bilhões em busca de fontes alternativas de propulsão, o Brasil pode se concentrar no aperfeiçoamento das atuais motorizações e, no futuro previsível, adotar as novas tecnologias sem passar pelas dores e custos dos demais.

Quanto às novas tecnologias, nossa engenharia está plenamente capacitada para introduzi-las nos veículos aqui produzidos, desde que o mercado esteja disposto a adquiri-las. Num passado não muito distante, apenas os veículos de luxo ofereciam essas inovações, mas com a chegada dos asiáticos, principalmente os chineses, com seu farto conteúdo tecnológico e preço competitivo, as coisas começaram a mudar. Viva a competitividade! Vai ser muito interessante observar como seguirá a reação das montadoras com os anunciados lançamentos. O consumidor só terá a ganhar com esse novo panorama. E o mercado agradece.

 

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