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Investimento social privado e as pequenas empresas

As pequenas e médias empresas representam uma grande parcela dos negócios gerados em nosso país e, portanto, podem e devem assumir responsabilidades que agreguem valores além do lucro

Autor: Claudio TieghiFonte: SEBRAE - Minas GeraisTags: empresariais

No inicio de abril aconteceu na cidade do Rio de Janeiro o 6º Congresso GIFE sobre Investimento Social Privado (ISP). O evento teve por desafio discutir a complexidade de novos arranjos para os investimentos, sua legitimidade e sustentabilidade e ainda promover uma reflexão sobre quais serão os rumos a seguir na próxima década.

Muito se falou e tem se falado sobre essa temática em diversos segmentos, principalmente o das grandes empresas, mas foi com muita alegria que participei do painel “Pequenas e Médias Empresas: alternativas para o investimento social”. Nesse espaço, foi possível discutir e conhecer casos práticos de investimento de pequenas empresas e a articulação de instituições que demonstraram as diversas possibilidades de real transformação do status social existente.

As pequenas e médias empresas representam uma grande parcela dos negócios gerados em nosso país e, portanto, podem e devem assumir responsabilidades que agreguem valores além do lucro. Tenho concentrado meus esforços principalmente no setor de franquias, em difundir o conceito da gestão socialmente responsável, ou seja, que o desenvolvimento de negócios seja pautado pela ética e transparência com todos os públicos com os quais a empresa se relaciona. Um desafio cotidiano que exige habilidades humanas e gerenciais para equilibrarmos o desenvolvimento das atividades empresariais com o meio ambiente.
Entre as diferentes formas de atuar no campo da responsabilidade social empresarial, está a prática do investimento social privado, que segundo o próprio GIFE é o repasse voluntário de recursos privados, de forma planejada, monitorada e sistemática, para projetos sociais, ambientais e culturais de interesse público.

Aqui está um ponto importante, para avaliarmos com cautela uma prática cotidiana que pode em muito ser melhorada.

As pequenas empresas, pela proximidade que possuem com as comunidades, entidades e consumidores, são sensíveis às demandas locais e, não raro, recebem quase que todos os dias pedidos de apoio ou patrocínios para entidades, associações, campanhas e eventos. As decisões por esse projeto ou por aquela campanha, muitas vezes são pautadas pela emoção e por vias que favoreçam o marketing. Mas a questão é: Basta doar uma quantia em dinheiro ou em produtos ou serviços? De que forma o investimento pode ser otimizado agregando um valor ainda maior para todas as partes envolvidas? O conceito de investimento social privado nos auxilia nessas tomadas de decisão.

As pequenas empresas podem e devem contribuir com questões emergenciais, como as que temos visto recentemente oriundas de catástrofes ambientais, mas para agregar valor e garantir melhores formas de investimentos e impactos nos projetos pelos quais a empresa decide apoiar, é preciso maior envolvimento. O contrário pode gerar no empresário uma certa descrença, principalmente, pela dificuldade em constatar resultados concretos do investimento e inibir futuras iniciativas. O caminho só pode ser percorrido de forma mais consistente através de um investimento de médio e longo prazo.

Nesse contexto, o ISP contribui para que o empresário, funcionários e parceiros se envolvam com reais demandas locais, identifiquem organizações capazes para enfrentar os tais desafios e que contemplem indicadores de gestão e transparência. Desse relacionamento vêm as oportunidades de contribuição para o aprimoramento de processos, troca de experiências, aferição de resultados, prestação de contas, abertura para a inovação e concentração de investimentos para a verdadeira transformação da realidade local.
 
* Claudio Tieghi é presidente da Afras (Associação Franquia Sustentável), braço de responsabilidade social da ABF

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