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Como será o Contador nos próximos anos?

Todos os anos vários jovens entram no curso de Ciências Contábeis, por todo o Brasil.

Autor: Nilton Facci

Nilton Facci. Contador. Professor no curso de Ciências Contábeis da UEM – Universidade Estadual de Maringá / Paraná. Contatos: nfacci@gmail.com

Todos os anos vários jovens entram no curso de Ciências Contábeis, por todo o Brasil. Muitos querem ser profissionais contábeis. Como vamos prepará-los?

Teremos quatro ou cinco anos, com umas 800 aulas por ano. Será o suficiente? Nunca se saberá se um muito ou pouco. Importante: só as aulas e atividades durante o curso não possuem o condão de, concretamente, formar qualquer profissional. E, se forem aproveitadas, 3,2 mil aulas podem ser suficientes para um excelente começo de preparação? Antes de tudo, antes de qualquer ensino de atividade prática, vamos debater com eles como deve ser uma pessoa “culta”?

Embora esses jovens ainda não percebam, mas a formação de um profissional requer amadurecimento durante toda a vida. Só se torna profissional, o sendo em sua completude.
Através da seqüência curricular, serão pensados conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias a esses universitários, focalizando o futuro profissional. Requer-se que o profissional seja um cidadão completo naquilo que é necessário nos dias de hoje. Obviamente esse “completo” estará no esforço para sê-lo. Que não se exija a perfeição, mas pretende-se que sua busca deva ser contínua.

Não é desejável a fixação somente numa grade curricular de disciplinas; é necessário um conjunto de temas, de ações, de regras, de atitudes que os futuros profissionais terão que debater e vivenciar para poderem participar na sociedade em todos os seus aspectos. Será necessário, por exemplo, conhecer a natureza, o próprio ser humano e a sociedade da qual farão parte e, além disto, definir procedimentos éticos e desenvolver habilidades necessárias para agora. Haverá nisto, também, um grau de liberdade porque nem todos terão os mesmos conhecimentos, as mesmas habilidades e os mesmos valores.

Nada, pois, de limitar o ensino somente às práticas de registros, apurações de saldos e elaboração dos relatórios, ou mesmo com ênfase à matemática, à administração, à psicologia, à auditoria etc. O mundo se abriu, o conhecimento se expandiu. A pergunta mais importante é: quais os conhecimentos, as habilidades, os valores mais importantes no mundo de hoje para que uma pessoa seja, em primeiro lugar, um cidadão eficaz em nossa sociedade, e somente após, um profissional competente?.

Isto não pode ser tratado com a escolha de um conjunto de disciplinas; não será possível porque deveriam ser tantas, que inviabilizariam as escolas. De qualquer modo, disciplinas são para tratar, de forma “quase fechada”, algum tipo de conhecimento e/ou prática, e este pode não ser o melhor caminho. Em vez de se concentrar somente nelas, podemos ter um ensino que demonstre as relações entre os conhecimentos, as abrangências dos comportamentos nas atividades empresariais. Para isso, o processo de ensino precisa ser analisado e ampliado para os conceitos e práticas da interdisciplinaridade.

Além da mudança de enfoques e metodologias, e com o crescimento, até certo ponto necessário, do ensino à distância, existindo daí opiniões diferentes e até divergentes (ainda bem), a intervenção do professor para o crescimento dos alunos não é apenas necessária, é imprescindível, fato que, muitas vezes, é determinante na formação do profissional contábil.

(Texto baseado no artigo de Danilo Gandin, intitulado “Professor do século 21”, publicado no Jornal Zero Hora, de 13.03.09).

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